Ao iniciar o trajeto de prática da dança, é importante que se leve em consideração que dançar não é apenas executar movimentos aleatórios, sem significados, nem tampouco ser uma cópia repetitiva do seu orientador. É necessário ir adquirindo durante todo esse processo a sua própria consciência corporal.
Segundo Bertherat, "nosso corpo somos nós. É a nossa única realidade perceptível. Não opõe à nossa inteligência, sentimento, alma. Por isso tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro..., pois corpo, espírito, psíquico e físico e até a força e a fraqueza, representam não à dualidade do ser mais sua unidade."
Desta forma, a consciência corporal é entendida como a busca pela interação entre todos os aspectos implícitos no trabalho a ser desenvolvido com o corpo, tais como: coordenação óculo-manual, coordenação dinâmica geral, lateralidade, interiorização, segmentos corporais, percepção-temporal, percepção-espacial. Neste contexto, a dança possibilita de maneira gradual o aprimoramento da consciência corporal do indivíduo, pois ele tomará conhecimento não só de suas raízes fisiológicas, mas também da relação sujeito-mundo, supondo que esse saber, o acompanhará durante toda a sua vida.
Outra consideração importante com relação ao estudo da consciência corporal, de acordo com Lê Boulch:
O esquema corporal ou imagem corporal pode ser
considerado como uma intuição de conjunto ou de um
conhecimento imediato que temos do nosso corpo em posição
estática ou em movimento, na relação de suas diferentes
partes entre si, sobretudo nas relações com o espaço e os
objetos que nos circundam.
O movimento realizado através da dança, desde a infância causa prazer, satisfação, alegria. Desta maneira, o indivíduo que inicia o seu contato com a dança desde a sua fase infantil, busca meios de investigar o mundo ao seu redor, explorar objetos e aprender sobre o meio ambiente. Ao se movimentar, percebe numerosas direções do espaço em volta de si, envolvendo-se nesta relação com outras pessoas e consigo mesma, buscando a compreensão de que todos os segmentos nos quais vivencia durante a sua trajetória correspondem à uma totalidade que envolve o seu corpo, adquirindo assim, a consciência corporal.